O
RIACHO PAJEÚ SOB A LUZ DO LUAR
É uma tristeza saber que o nosso riacho
Pajeú está sórdido, quebrando até o encanto de quem visita o Jardim do Paço
Municipal.
Ele era tão volumoso, que abastecia os
chafarizes daí a Rua José Avelino outrora ser chamada de Rua do Chafariz e a
Sena Madureira Rua da Ponte, e a Pessoa
Anta Rua do Mar, isso porque a cidade já impulsionava, mesmo no areal, uma
mobilidade com tráfego de carroças. O
trem só chegaria em 1878 na alfândega e, o primeiro automóvel já na Ponte
Metálica chegaria em 1909.
Pajeú era uma veia farta, abastecia o
Forte, os três pavimentos do Passeio Público e servia com sua correnteza mesmo
em pequena proporção, como lenitivo para os pacientes do Hospital da Caridade.
A umidade relativa do ar era excelente, devido esse fluido maravilhoso que por
ali tinha sua foz.
O Ribeiro do Pajeú como era conhecido em
1810, tinha zonas distintas; tinha conexão com a Lagoa do Garrote e nas grandes
inundações, topograficamente ele era favorecido, recebendo água ao ponto de
ocorrer grandes cheias inundando a Rua de Baixo (Atual Cond’eu).
Pode existir algo mais meditativo do que
olhar uma correnteza de água, e mais romântico jogar uma flor? Como Foi
belíssima essa cinética caudal, cortante do Morro Marajaitiba.
Foi com este espírito que o Capitão –
Mor Antônio de Castro Viana resolver em 1790, a construir uma mansão em um
terreno declinado o que lhe rendeu uma vivenda de dois andares, restando até no
lado esquerdo, espaço para demarcar e construir seu jardim.
Com a morte do Capitão – Mor Viana, o
Direito do Povo, (que era como se chamava o Senado da Câmara), comprou a
propriedade aos 26 de dezembro de 1802, passando esse palacete a pertencer ao
Governo.
Luís Barba Alardo de Meneses, que
assumiu o Governo em 1808 foi o primeiro no Ceará a trocar sua casa, pela da
Câmara. Agora, ainda não existia Ordem Régia para ser Sede Oficial do Governo e
Casa do Governador, coisa que só ocorreria em 1814.
Essa propriedade de lado ia do arenoso
local em que ergueram a Praça General Tibúrcio, até a Rua do Cajueiro (Pedro
Borges) e de fundo da Rua do Rosário até a Rua de Baixo, como já falei Rua Cond’eu.
Palácio da Luz na Rua Sena Madureira
Palácio da Luz pela Rua do Rosário
Com a Abolição da Escravatura em março
de 1884, o Palácio do Governo por decreto do Presidente Sátiro de Oliveira Dias, passou a se
chamar Palácio da Luz. Por lá passaram mais de 90 Governadores, dentre Capitães
– Mores, Presidentes de Província, Interventores, sendo o Governador Plácido
Aderaldo Castelo o último, ficando lá até 1971. O Palácio da Abolição absorveu
o Gabinete do Governador. Entenderam a historicidade? Palácio da Luz, porque ocorreu
a Abolição. Essa é a correlação em nomenclaturas.
E por que o Capitão-Mor Antônio de
Castro Viana construiu sua Mansão naquele pedaço? Foi igual aos Ancestrais dos
Távoras! Apreciar o perfumado rio correr e o espumar do encontro das águas
cristalinas se chocar com alguma pedra no percurso. E poderiam emoldurar algo
mais fascinante, do que ver o reflexo da luz cor de prata nas noites de luar,
com o assobiar do vento fresco?!
“Fortaleza pousada sobre areia descalça e linda,
refulgindo do alto sob o mago esplendor da lua cheia.” Gastão Justa.
Assis Lima
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