É impossível desassociar o movimento de mercado ou
feiras livre do povão, afinal tem de tudo, desde carnes vermelhas, peixes,
aves, verduras, cereais, frutas, animais vivos, ferramentas, artesanatos e, até
mesmo utensílios usados para o lar e oficinas. Na feira, em “harmonia” com os
cantadores do cordel, o vendedor ou camelô se libera irreverentemente oferecendo
suas mercadorias aos que estão defronte a barraca e também grita em tom médio
chamando os fregueses que passam distante.
O negócio é vender.
O primeiro
mercado livre de que há registro no centro de Fortaleza, localizava-se na
antiga Travessa das Hortas (atual Senador Alencar) no quarteirão onde
ergueram um sobrado em que morou o Comendador Luiz Ribeiro da Cunha, ao qual
passando por reformas o empresário Geminiano Maia (Barão de Camocim)
inauguraria o Palácio Guarany em 1908, e que hoje infelizmente, está com sua
fachada mutilada.
O segundo, com
planta do Engenheiro português Silva Paulet teve novo prédio instalado onde por
muito tempo funcionaria o mercado Central na rua Cond'eu. Com data de 12 de
setembro de 1818, o mesmo funcionou por quase oitenta anos, e quando o local
fora desativado, recebeu o batismo de “Cozinha do Povo”, talvez pelo popular
preço nas refeições.
Pois bem, a
Fortaleza Provincial reclamava por estética e ordenamento urbano exigindo o
profícuo trabalho de engenheiros e arruadores. Aí foi inaugurado o Mercado de
Ferro, mas já na gestão do Intendente (Prefeito) Guilherme Rocha e do
Presidente (Governador) Nogueira Accioly, cuja apoteose ocorrera aos 18 de
abril de 1897. A edificação metálica fora montada na Praça Carolina e com frente
para a rua Floriano Peixoto, em terreno que posteriormente foi ocupado pelo
Palácio do Comércio. Toda a estrutura metálica importada da França foi
adquirida com dinheiro da venda de bilhetes de crédito, chamados Borós.
A coisa foi tão espantosa e contagiante para época, que ao lado desse mercado
tinha uma garapeira chamada “Bem-Bem” e, pois não é que, o camarada foi bater
em Paris e voltou arranhando o francês!
Em 1937, um
novo tempo para Loura do Sol e Branca dos Luares exigiu a saída do
mercado do local. O mesmo sendo desmontado foi dividido em duas partes: uma foi
para a Aldeota e na Praça Visconde Pelotas, ficou conhecido como Mercado dos
Piões; a outra foi trasladada para a Praça Paula Pessoa e denominou-se São
Sebastião.
No ano mais
badalado do regime militar (68) a estrutura do São Sebastião foi transferida
para o bairro de Aerolândia, recebendo o Mercado da praça Paula Pessoa, galpões
de alvenaria com coberta de amianto. Com essa inauguração, a praça desapareceu
pela ocupação desordenada de barracas. Meu pai, fiscal Valdemar de Lima à época
a serviço da Prefeitura de Fortaleza, constantemente levava relatório de
irregularidades, mas parece que a resistência do povão neutralizava as medidas
disciplinares das autoridades, o que evidentemente dava mais conforto ao meu
genitor trafegar entre os feirantes. Até mesmo um ultimo canteiro de forma
triangular pela rua Meton de Alencar esquina com Padre Mororó, fora ocupado por
metalúrgicos transformando-se no popular Ferro Velho, sendo separado da
feira pela pista inicio da Avenida Bezerra de Menezes, onde existia dois postos
de gasolina com edificação subterrânea com os nomes de “sobral” e “Iguatú”.
Enquanto
fazíamos nossa feira semanal, na Avenida Padre Ibiapina circulavam todos os
ônibus que penetravam na movimentada Avenida Bezerra de Menezes. As linhas
Parque Araxá, Campo do Pio, Granja Paraíso, Vila dos Industriários, Sitio
Ipanema, são algumas que desapareceram, assim como os ônibus elétricos do
bairro São Gerardo. Outros hoje são integrados ao terminal de Antonio Bezerra.
Pedaço do Mercado de Ferro que se Transformou no São Sebastião.
Mercado São Sebastião Inaugurado em 1965.
A Antiga armação de Ferro foi para a Aerolândia.
A construção
do novo mercado São Sebastião resolveu os problemas de organização e higiene no
local, mas acabou com a praça que ornamentava o inicio da saída Oeste de
Fortaleza. Tornou um horror a rua Clarindo de Queiroz naquele pedaço, e
bloqueou a tradicional Padre Mororó. É só perguntar aos moradores tradicionais
e aos sócios do Serviço Social do Comércio - Sesc...
Nenhum comentário:
Postar um comentário