quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 

Carinho e Paz

 

Humildade Cristã

Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Tia. 4:8.

O Senhor suporta por muito tempo, e quando eles manifestam a determinação de seguir seu próprio juízo, o Senhor permite que o façam. Tenho sido levado a ver a fraqueza e ignorância do ser humano caído, mesmo em sua melhor condição. À medida que se aprofunda cada vez mais em seus estudos, aumentando a compreensão da vontade e dos caminhos do Senhor, discerne melhor sua própria ignorância, revelando assim que fez decidido progresso desde o princípio.

Quanto mais perto de Deus vive o cristão, tanto mais ele avança na divina iluminação mental. Tem mais distinto senso de sua própria pequenez, discerne seus defeitos de caráter e vê seu dever sob o aspecto em que é apresentado por Deus. Quanto mais se aproximar de Jesus, tanto mais nítido e claro será o senso de seus próprios defeitos que dantes passaram despercebidos, e vê a necessidade de humilhar-se sob a poderosa mão de Deus. Se for enaltecido, não o será porque enaltece e exalta a si mesmo, mas porque o Senhor o exalta. Fixando o olhar na pureza e perfeição de Cristo Jesus, e reconhecendo a Deus e obedecendo-Lhe em todos os seus caminhos, não é cego à suas próprias deficiências e imperfeições. Conquanto aos olhos humanos sua conduta seja impoluta e irrepreensível, Deus lê os desígnios e propósitos do coração.

A humildade cristã é uma admirável virtude - o próprio antídoto da apostasia de Satanás, que possui ambição profana e todo engano que ele consegue conceber. A virtude da humildade por meio de Cristo Jesus fará com que uma pessoa imperfeita discirna suas imperfeições e esteja habilitado para a herança dos santos, onde Deus é tudo em todos. ...

O Senhor não tem censurado vosso procedimento? ... Foram-vos confiadas capacidades que podem ser consideravelmente aperfeiçoadas e tornarem-se eficazes sob a disciplina de Deus. Então a Sua justiça irá adiante de vós e a glória do Senhor será a vossa retaguarda. "Sem Mim" - disse Cristo - "nada podeis fazer." João 15:5. Se desprezais o Seu conselho, correis perigo.

 

Unido pelos Laços do Calvário e no Carinho do Espírito Santo

Diassis Lima

 

 

domingo, 14 de novembro de 2021

 

JACARECANGA E O BONDE


 

 

Jacarecanga como poucos bairros, teve o privilégio de emprestar seu solo para esse tipo de transporte ferroviário, começando o serviço já na tração elétrica.

A Companhia Ferro Carril que tinha um prédio administrativo na Praça do Ferreira, foi inaugurada ao 24 de abril de 1880 com 4.210 metros de linhas para bondes de tração animal, cujo contrato para assentamento dos trilhos, remota ao mês de agosto de 1875.

O ponto zero era na Praça do Ferreira de onde partia todos os bondes, sendo os primeiros para a Estrada de Messejana (Visconde Rio Branco) e o Matadouro Público (Hoje Bairro Farias Brito), próximo onde funcionou a desaparecida Estação ferroviária de Otávio Bonfim, na Estrada do Barro Vermelho (Avenida Bezerra de Menezes).

A história dos bondes tanto tração animal, como a elétrica é extensa, por isso quero me deter ao Bonde do Jacarecanga, salientando apenas que aos 8 de maio de 1911, havia sido criado a usina de força e luz do Passeio Público, da Firma Ceará Tamway Light & Company, para alimentar a tração elétrica dos bondes, erradicando os de tração animal.

Assim eram onze linhas, mas apenas duas serviam ao bairro: Soares Moreno e o de Jacarecanga. O de Soares Moreno tinha o seguinte trajeto: Praça do Ferreira → Rua Guilherme Rocha → Rua Tereza Cristina → Rua Castro e Silva → Padre Mororó fazendo ponto final na esquina da Rua Francisco Lorda, na época Tijubana. O de Jacarecanga fazia o mesmo percurso do SM, com o seguinte aditivo: Praça Fernandes Vieira (Atual Gustavo Barroso), fazendo o contorno até levarem os alunos na porta do Colégio Liceu; depois já no início dos anos de 1940, o General Cordeiro Neto, o Acrísio Moreira da Rocha e o Industrial Pedro Philomeno, usaram seus prestígios e conseguiram com a direção da Light para que, a linha do bonde Jacarecanga fosse até defronte à fábrica de tecidos São José, beirando a linha do trem da RVC. 

Eu ainda alcancei a abandonada casinha de força e uns velhos cabos elétricos caídos, e cortados num poste de ferro, no canto Noroeste do Cemitério São João Batista. Esse eram um dos últimos detalhes que provava a existência de que, Jacarecanga teve bondes. Foram destruídos em 1969.

 

Os moradores antigos e os que moravam na VSJ nos anos 60/70 ainda se lembram, que os ônibus do empresário Oscar pedreira quando vinham do Centro, contornavam a Praça do Liceu, e ficavam em tangente para entrar na Avenida Philomeno Gomes, só dependendo dos semáforos instalados em 1965. Eu acho que eles seguiam a sombra dos bondes elétricos que transportaram nossos ancestrais, de 1913 até 1947, quando desapareceram de vez.

Não ficou um só exemplar para a posteriori, nem mesmo trilhos para contar a história, daí minha lamentação pelo desaparecimento da Casinha de Força, que nenhum mal fazia, apenas confirmava a história. Dentro do terreno de Cemitério, quem iria se incomodar, eita falta de visão histórica – cultural.

Meu pai Valdemar de Lima, morando na Vila ainda fez uso do bonde para o Centro, e foi esse fragmento por ele contado, que aqui descrevi.

 

 

 

 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

CASA VILLAR



A Casa Vilar em Fortaleza nasceu por iniciativa do comerciante João da Silva Villar, aos 15 de agosto de 1854. Devido sua extensão, ocupava todo o quarteirão da Rua da Palma (Major Facundo) até a Rua Formosa, (Barão do Rio Branco).  Antes de ser Casa Vilar era a residência do Major João Facundo de Castro Menezes, que sendo aracatiense aqui chegou em 1818, onde fez carreira militar e política. Era o Vice-presidente da província na chapa do Brigadeiro José Joaquim Coelho, quando em 1841 foi assassinado na calçada de sua residência à tiros com arma de fogo, execução esta por pistoleiros de encomenda. A mansão passou tempos desocupada.

Na Casa Villar se encontrava tudo o que se precisasse em matéria de ferragens, peças de bondes, e até mesmo posteriormente peças de locomotivas da Estrada de Ferro de Baturité, que vinham da Inglaterra e Estados Unidos. Era bastante intensa as encomendas que chegavam no Poço das Dragas, importadas para esse comércio que ficou de 1854 até 1959.




terça-feira, 8 de novembro de 2016

ORDENAMENTOS URBANOS E A SAUDADE




A cidade de Fortaleza surge em meio a percalços, quando arruadores, agentes municipais eram incumbidos do cumprimento fazendo realidade o Plano Diretor deixado por Antônio José Silva Paulet, conforme registros da Administração do Senador Alencar (1834-1837).
A quem a cidade deve imensamente, estava atribuída também à fiscalização do Presidente da Câmara, o Boticário Antônio Rodrigues Ferreira. O mesmo colocava a Filantropia em primeiro e, política em segundo. Morando em um casarão quando em Fortaleza chegou, sua casa que era de três portas, não dava para atender a demanda de pessoas enfermas, e foi com esses méritos que o mesmo já havia caído na graça do povo.
A Fortalezinha crescia e se urbanizava com hercúleo esforço. A Capital da Província praticamente ficou plana, apesar de ser erguida sobre morros. A Rua da Amélia (Senador Pompeu) das areias na Praia Formosa vai à tangente até as primeiras serras na hoje Região Metropolitana.
Nós fortalezenses tivemos a felicidade de ter edificações, mesmo passada por modificações as mais diversas. Tomou a feição dos arquitetos e da edilidade logo em suas primeiras casas quando foram feitas. No sentido de acomodação sempre obedeceu uma estética, devido a traçados dos arruadores primitivos.
Do chamado coração da cidade (Praça do Ferreira), observam-se as quadras de ruas que foram elaboradas por Francisco de Paula e Adolfo Herbster, e as pessoas nos dias de hoje passam despercebidas pelo Centro fazendo compras, com cuidado nas bolsas e objetos manuais e/ou então reclamando da notória promiscuidade, principalmente da Praça José de Alencar, cujo patrono vive sentado por se tratar de um logradouro que não tem sossego.
Já é tempo da Gestão Municipal de Fortaleza, juntamente com o Estado tomarem providências quanto ao rejuvenescimento desses locais, senão o Centro vai morrer.
Aí minha mente volta para minha VILA SÃO JOSÉ, em que alcancei muitas quadras ajardinadas que o Coronel Philomeno, talvez em suas andanças pelo Passeio Público, resolveu dar como lazer duas pracinhas dentro da própria Vila aos seus inquilinos. Nós a chamávamos de Avenidinhas, em numero de duas.
O matagal ainda existia noutras quadras não divididas, e tinha o Campo de Baturité para partidas de futebol de subúrbios. (Ainda assisti partidas entre Usina São José X Usina Ceará, Messejana X José de Alencar dentre outros). Tivemos um lado de infância selvagem, pois, até nossa comida era feita no local, tendo como combustível cascas de castanhas que levávamos para os matos, oriundas da lixeira da Caju do Brasil -  Cajubraz, que subtraiu nosso espaço em 1966.
Restaram as quadras do Bar do Seu Telles com vários pés de Jurubeba, cujas raízes fazíamos lambedor para não gripar. Olhando para o Oeste e na diagonal uma estrada para pedestre que nos conduzia a Casa Machado e a mercearia do Seu Abelardo, point da bebida Blimp, Crusch e Grapette. Depois meu pai me dava umas porradas. Era fiado na conta dele.
Hoje, chego à Vila e a impressão é que estou noutro local nunca visto. Casas diferentes, as ruas estreitaram e as quadra todas ocupadas, sem nada para apreciar.
A infância passa rápido, a mocidade é transitória. Agora é se preparar para a velhice, afinal quando ela chega é permanente. Todos querem envelhecer, mas ninguém quer ficar velho.

Cada coisa pertence ao seu tempo, só restando evocar as ultimas palavra de José de Alencar no romance Iracema: “Tudo passa sobre a terra”.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PAREDES SÓ ESCUTAM NÃO FALAM

HISTÓRIA DA RÁDIO ASSUNÇÃO CEARENSE


A Radio Assunção Cearense tem sua embrionagem um tanto remota, e com inspiração estrangeira. Em 1947, na Colômbia um Sacerdote que havia sido nomeado vigário na cidade de Sutatenza, assistia 800 almas em sua paróquia. Mas, ele tinha algo que diferenciava dos demais. Gostava de rádio e era radioamador naquele país montanhoso. Refiro-me ao Padre Jose Salcedo, que enfrentava dificuldade em contactar com suas ovelhas.
A coisa foi revolucionária, afinal montou uma pequena estação transmissora, pois o mesmo era habilidoso na instalação e expansão de rádios receptores. Com a tenacidade que lhe era própria, não era estático, e com verdadeiro dinamismo percebeu que a população local na década de 40 era iletrada. Foi a alavancada que daria grande crescimento ao seu ministério sacerdotal. Após a metade da segunda década desse projeto radiofônico eclesiástico, congregou muita gente pertencente a uma população dispersa pelas encostas dos Andes Colombianos, e a ação social tornou-se popular. Tamanha fora a repercussão que a programação diária captou discípulos na Venezuela e equador.
Essa idéia inspiradora mobilizou a Arquidiocese em Fortaleza, e o Padre Arimatéia Diniz em 1954 deu os primeiros passos, e quando tudo se encaminhava para o concreto, em 1958 a direção da Igreja católica no Ceará desviou toda a atenção e, os recursos alocados foram destinados para o flagelo da grande seca. (Foi neste ano que o autor destas linhas veio ao mundo).
Essa estação foi um presente de uma comunidade católica alemã, ao Dom Antonio de Almeida Lustosa, então Arcebispo de Fortaleza, pela passagem de seu jubileu de ouro no sacerdócio. O nome oficial da rádio é Radio Nossa Senhora da Assunção, porém devido à programação e, para facilitar as chamadas em vinhetas, tomou a forma contracta de Radio Assunção. Como emissora integrante da Rede Nacional de Educação de Base foi ao ar oficialmente aos 11 de fevereiro de 1962. O estúdio foi localizado na Rua Visconde Saboya nº. 280, tendo como Superintendente o Padre Landim e como Diretor Comercial o também Pe. José Mirton Lavor. A estação transmissora na Rua Joaquim Manuel Macedo, no bairro Henrique Jorge que, na época era chamado de Casa Popular, e nas adjacências da antena de 90 metros, um matagal. O professor Everardo Silveira foi o locutor da iniciação.
A Arquidiocese de Fortaleza contou com mais um aliado para a imprensa, haja vista ser proprietária do Jornal O Nordeste, cuja circulação fora erradicada em 1967, já na gestão de Dom José Delgado. A emissora de equipamento importado tinha antena direcional, cujo benefício técnico era o não desperdício de rádio - freqüência para o mar. Trabalhando com ondas médias e tropicais (ondas intermediárias) isso permitia uma boa penetração no interior cearense e outros Estados do nordeste.
Com o advento da revolução de 1964, as coisas não ficaram bem para a imprensa. José Milton firmou contrato com a Rádio dragão do mar e a Direção Comercial foi para as mãos de Geraldo Fontenele. A Rádio Assunção tomou um novo formato com o ingresso de Fontenele, que com apenas 30 anos de idade já tinha um currículo denotando experiência, já havendo sido produtor de programas, animador de auditórios, radioator, redator de noticias, narrador e Diretor de Broadcasting da Rádio Difusora de Teresina (PI) e com passagem pela Rádio Poti de Natal (RN).
Sob pressão de forças revolucionárias, o Governo do estado cortou verbas de incentivos e, a Assunção tinha que se manter por ela mesma. Nesse período muitos empresários em outros Estados, perderam a concessão de suas emissoras que, são renovadas a cada dez anos. Foi graças à habilidade de Fontenele, que havia acumulado a direção de Jornalismo e Comercial que, a Assunção cearense em 1972 renovou concessão, tendo em vista não permitir ao microfone, a participação de padres expressarem suas idéias por serem comunistas.

Fachada lateral do Estúdio na Av. Rui Barbosa.

A emissora funcionava 24 horas, e há zero hora começava um programa patrocinado por uma companhia aérea ainda existente, e que levava o seu nome como “a dona da Noite”, com uma belíssima seleção musical indo até as 5 da matina. Com o clarear do dia vinha “Alvorada Cabocla”, com violeiros e cantadores, um estilo ainda muito aceitado no sertão, na periferia de Fortaleza e, no coração de todos aqueles que ainda querem preservar a cultura nordestina.
Radialistas que passaram pela Assunção em seu primeiro biênio: Hermano Justa, Narcélio Sobreira Limaverde, Ivonete Maia, Ribamar Matos, Edvar de Souza, Nazareno Albuquerque, Ivan Lima, Luiz Cavalcante, Tarcisio Holanda, Oliveira Ramos, Mauricio Carvalho, Marciano Lopes, F. Capibaribe, Airton Monte, Silvio Leite, Júlio Sales, Mattos Dourado, . 
A equipe esportiva foi incrementada com a contratação de Gomes Farias que permaneceu na rádio de 1964 a 1967, quando retornou para a hoje saudosa Dragão do Mar.
A televisão na época era somente a TV Ceará canal 2, o que permitia a existência do rádio-teatro, que tinha no elenco Oliveira Filho, J. Oliveira, Dóris... Locutores Mattos Dourado, José Costa, Oséas Cruz, Peter Soares, Bonifácio de Almeida.... 
A Superintendência da Emissora até 1966 ficou a cargo do Padre Landim, quando foi nomeado o Padre Gerardo Campos, que muito lutou para manter a Assunção num patamar estável. Eram seus companheiros de equipe sacerdotal: Padres Gotardo Lemos e Mirton Bezerra de Lavor. Foram eles os responsáveis pela irradiação dos programas religiosos: “Oração por um dia Feliz”; “A Casa é de Todos”; “Movimento de Educação de Base – Escolas Radiofônicas”; “Missa do Pastor” e “Palavra do Pastor”.
Em 1969, o veterano José Cabral de Araújo recebeu e aceitou o convite de Dom José Medeiros Delgado para assumir a Superintendência da Assunção, em substituição ao Padre Gerardo Campos. Com o aval do Arcebispado, Cabral de Araujo apesar de paraplégico, tinha muita lucidez em suas decisões Houve assinatura e rescisão de contratos. Implantou em seis meses um novo modelo administrativo: o Arrendamento.
O primeiro arrendamento foi no setor esportivo com a volta da equipe de Gomes Farias, e a posterior contratação de Paulino Rocha. A partir de então a Assunção de quarta colocada passou a primeira, o que atraiu muitos anunciantes da Capital e do Interior.
1973 foi um ano de doçura para a Assunção quando pelo Ibope, confirmou primeiro lugar, porém a rádio Verdes Mares ofereceu a equipe esportiva uma proposta irrecusável, e assim se despediram da Assunção: Gomes Farias, Paulino Rocha, Bonifácio de Almeida, Souza Filho, Peter Soares, Moraes Filho, Daniel Campelo e de lambuja José Maria Sales o operador de áudio.
A emissora teve que buscar alternativas, e fora transformada em uma freqüência musical, enfatizando programas noticiosos, e voltar sua programação para os bairros, com sua unidade móvel de freqüência modulada, com locução de José Santana e o “Seu Repórter em Ação”.
Aos 4 de agosto de 1973, assumia a Igreja em Fortaleza, Dom Aluísio Lorscheider, com recepção transmitida diretamente do aeroporto Pinto Martins, pelo recém contratado José Lisboa, vindo de uma longa caminhada através da Rádio Iracema, e assim nasceria  a “Discoteca do Lisboa”. 
Em outubro do mesmo 1973, Cabral de Araujo se desvincula da emissora por problema de saúde, e definitivamente abandona o rádio. Geraldo Fontenelle assume a superintendência. Fontenelle em suas andanças deu uma passada na Empresa Cearense de Turismo – Emcetur, quando ouviu uma linda voz de uma mocinha que fazia os anúncios para permissionários e turistas, no local da antiga cadeia pública, no entorno da Praça da Estação. Tratava-se de Maria do Socorro Marques Viana, que de Iguatu havia chegado a Fortaleza em 1966. A mesma tinha um sonho, que era trabalhar em rádio, mas mesmo batendo nas portas não conseguia.
Geraldo Fontenelle a conduziu para os microfones da Assunção Cearense que ainda ficava na rua Visconde de Saboya, e assim começou a trabalhar no horário de 20 às 22 hs. A jovem Trabalhou por dois anos, indo para a Ceará Rádio Clube, e em seguida para a Dragão do Mar, quando em conversa com o diretor artístico da Dragão, José Elias vindo da Rádio Globo do Rio, sugestionou que Maria do Socorro deveria ser Samantha. Daí surgiu Samantha Marques.
Em 1976, Dom Aluisio Lorscheider foi eleito e proclamado Cardeal da Igreja Católica. Foram importantes solenidades e dias alternados: dia 24 e 29 de maio na sala de solenidades do Papa Paulo VI na Basílica de São Pedro. Geraldo Fontenele viajou para a Itália e durante a permanência de Dom Aluísio em Roma, diariamente as 12 e 18 horas havia transmissões. Com equipe própria, essas foram consideradas as primeiras transmissões internacionais de rádio no Brasil.
Por a emissora pertencer à igreja católica, ela teve por obrigação montar uma central de transmissão em seus estúdios (Rua Visconde de Sabóia), e com sua unidade móvel de FM, fazer toda a cobertura da visita do Papa João Paulo II à Fortaleza em Julho de 1980.
Em outubro de 1981, Dom Aluísio anunciou a venda da Rádio Assunção Cearense. O clero cearense não foi consultado, apenas o Conselho Arquidiocesano e membros da CNBB. Com a participação do Monsenhor André Camurça nas negociações, a rádio fora vendida em dezembro de 1981. Em súmula, a igreja católica ficou sem o Jornal O Nordeste, o Palácio São José (Do Bispo) e o Banco Popular.
O radialista Moésio Loyola, que ainda atua nos microfones com programas esportivos tornou-se proprietário da Emissora, mas por tradição deixou espaço para a programação religiosa.
Sei que vou pecar por omissão, mas quero deixar registrados alguns programas que marcaram época: O Esportivo com Paulino Rocha; Programa Oseias Cruz; Discoteca do Lisboa, com José Lisboa; Forrozão da Assunção com Carneiro Portela; Política com Fernando Maia; Recordação Saudade, E Os Anos Carregaram e Parada dos Maiorais com Wilson Machado. Nas tardes de sábado tinha um programa exclusivo de nostalgia e com musicas do passado não distante.
Sempre na freqüência de 620 kHz, Rádio Assunção Cearense já esteve com o estúdio instalado na Rua Irauçuba e hoje na esquina da Rua Bárbara de Alencar com Avenida Rui Barbosa na Aldeota. Conservando programação esportiva a emissora de freqüência mais baixa de Fortaleza, no ano 2000 arrendou seus horários à Comunidade Católica Shalom, contrato este que perduraria até 10 de maio de 2006. A mesma, sem programação definida até 10 de julho do mesmo 2006 tornou se afiliada da Rádio Globo do Rio de Janeiro até 15 de julho de 2012. A partir do dia 16 numa segunda feira, voltou novamente como Radio Assunção Cearense. A programação novamente enriqueceu a terra.
E o prédio da Visconde de Saboya entregue as intempéries? É passado, passou...


domingo, 30 de outubro de 2016

O VERDADEIRO BAR AVIÃO, PARANGABA E A ENTRADA DA SERRINHA


Verdadeira fachada do Bar Avião.



Inaugurado em 1941 por, Antônio Paula Lemos com casa redonda, essa é a verdadeira fachada do Bar Avião. A inspiração pelo nome fora dada ao seu idealizador, que era um apaixonado por aviões. Era que, o antigo Cocorote (lagoa da Palha que gerou a corruptela Opaia), tinha um campo de aviação, que se transformaria em 1952 no antigo aeroporto Pinto Martins. No local do desaparecido Jóquei Clube, hoje hospital da mulher, sentido Oeste do Bar na Avenida João Pessoa, fora construída uma base militar Norte Americana, no período da Segunda Grande guerra. Eu fui um dos que conheceram a deteriorada pavimentação, que era a pista das aeronaves estrangeiras. (Estação da Cagece). Isso influenciou o nome ao Bar. No bar em baixo existia uma bomba de gasolina com estacionamento. Em cima um terraço. A linha férrea da Estrada de Ferro de Baturité passando ao lado e, tinha uma ruela que depois seria alargada.
 O Cotonifício Leite Barbosa S/A, aos 16 de junho também de 1941 comprou um terreno da família do Cel. Zacarias Gondim, onde fora construída a Fabrica Santa Cecília, porém, a indústria só funcionaria em 1944. (Unitextil). Assim surgiram as ruas Prof. Theodorico, 15 de Novembro, Dom Carloto Távora e por aí se ia para a Serrinha, que devido à ligação com distrito de Messejana, o bairro ficou descaracterizado. A via que era a Estrada da Boa Vista, passou a se chamar Paranjana (Parangaba-Messejana), depois Dedé Brasil e hoje Silas Monguba. O maior referencial do Bairro da serrinha, por coincidência era um concorrente do bar avião; era o Bar do Raimundão, com seu tradicional forró aos sábados. Ficava na esquina com a Rua Bruno Valente. A lagoa da Rosinha e o Serrote que inspirou o nome SERRINHA perderam nomenclatura, afinal, o novo aeroporto nivelou a área que era propriedade do Ministério da Aeronáutica. Quem trafega pela Avenida Carlos Jereissati percebe a diferenciação pela topografia. Mas isso é outra história...
O Bar Avião apesar de ser lendário, mutilaram-no entregando-lhe anexo com plataforma e colunas fugindo ao original. Com o Metrô de Fortaleza, seu viaduto tirou a estética do entorno de modo à edificação se monstregar. Estão matando a Parangaba. Volto ainda um dia para falar sobre a estação ferroviária que, também sofreu ameaça, e sobre a abandonada Casa de Intendência. Bem, borracharia e promiscuidade jamais. Tomara que uma boa ornamentação devolva ao local, um aconchego, mas o prediozinho aeronauta, não terá mais sua originalidade. Servirá apenas como ponto referencial. Destruíram um dos ícones de Fortaleza que um dia, sabe Deus, será bela. A índia Iracema de José de Alencar, não teria mais coragem de tomar banho na bucólica e nostálgica lagoa de Porangaba. As famílias Ana Lemos, Monte Negro e os Pedra que o digam.



JOSÉ DE ALENCAR UMA PRAÇA QUE NÃO TEM SOSSEGO



              
Excelente Terminal de Ônibus.



Antes de ser praça, no local que seria um dos logradouros mais movimentados da cidade era apenas um areal, e a urbanização teve sua gênese a partir do lançamento da pedra fundamental de uma igreja, que ocorrera aos 2 de fevereiro de 1850, cujo nome fora Nossa Senhora  do Patrocínio graças a um voto devocional do alferes Luis de França Carvalho. A igreja começou as celebrações em 1855.
Um ano após o funcionamento da igreja, surge em Fortaleza uma planta desenhada pelo padre Manoel Rego Medeiros e, já nos mostra o campo com a igreja, mas sem nenhuma edificação de destaque. Com a movimentação, foi o espaço ganhando vida e conseguintemente fora se urbanizando. Nessas condições é que, fora levada à Intendência uma proposta do vereador Coelho da Fonseca (hoje nome de Rua no Bairro Carlito Pamplona), e a Praça do Patrocínio como era chamada, em 1870 denominou-se “Praça Marquês do Herval”, como uma homenagem a Manuel Luis Osório, patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro.


Intendente Guilherme Rocha

Em 1903 era intendente de Fortaleza Guilherme Rocha que, reformou a Praça e colocou um coreto aformoseando-a com o Jardim Nogueira Acioly, mas que em 1912 foi mudado para Jardim Franco Rabelo. Depois, o coreto foi retirado e montado na Ponte metálica e lá se acabou. Começava assim as turbulências da Praça em epígrafe.
Existem vários documentários sobre praças de nossa cidade. Praça do Ferreira, Passeio Público. Imagens de época em filmes nos mostram as praças dos Leões, da Bandeira como, popularmente são conhecidas. Sobre a Praça  José de Alencar, nada.
A atual Praça que estamos observando, é situada entre as ruas: Guilherme Rocha (antiga Rua da Municipalidade); Liberato Barroso (que já foi Rua das Trincheiras); General Sampaio (Da Cadeia) e a 24 de Maio (Rua da Lagoinha), tudo isso documentado pela planta do padre Medeiros.
Observemos: no canto Nordeste era a sede da Fênix Caixeiral (1905), que saiu para o canto Noroeste (1915), tomando o terreno onde estavam as ruínas da casa de Nogueira Acioly, incendiada em 1912. (Diz-se que entre os pertences do comendador estavam os projetos, plantas e as fotos da construção e inauguração do Theatro José de Alencar. Não sei se procede tal informação, mas em lugar nenhum encontramos tais registros). Quem disse que o segundo prédio da Fênix Caixeiral ainda está lá?

Chegada dos Carros de Aluguel para o Posto Mazine. 1943.

O quartel da Polícia que era nesse logradouro e que na época se denominava Batalhão de segurança (depois Guarda Cívica de Fortaleza, com apenas 3 oficiais e 120 policiais), permaneceu no local de 1893 até 1908. Dois anos depois em 1910 ao lado da corporação já desativada, foi inaugurado o Theatro José de Alencar que puxaria a Praça para esse nome. A Escola Normal D. Pedro II, que após desativação acolhera as Faculdades de Ciências de Saúde, hoje é a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
A Biblioteca Pública funcionou na casa que outrora foi do Coronel Francisco Manuel Alves mas, que foi derrubada no canto Sudoeste e em 1952, o industrial Pedro Philomeno construiu um residencial e o Lord Hotel , que mesmo se deteriorando, parece que vai sobreviver. No canto Sudeste tinha um Posto de Saúde que havia sido construído no local do Batalhão de policia e hoje é o jardim do Theatro J. de Alencar. Quanta tribulação!
Em 1954, numa apoteótica festa em 9 de outubro era entregue ao público o novo prédio da Rádio Iracema de Fortaleza, batizado de Edifício Guarany, que lá permaneceu até 1973, quando a emissora se mudou e o “Monstrengo” desapareceu. No mesmo quarteirão fora montado o Shopping do Camelô, que por ocupar os camuflados cabarés do Centro, herdou a nomenclatura de uma ruela cheia de lâmpadas vermelhas chamado de Beco da Poeira.


Prédio do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários - IAPB
Em Construção. 1961.

Primeira Fachada da Fênix em 1906.Esquina da Rua General Sampaio.
Veja o Local em que o Prédio da Fênix Funcionou na Foto Acima.


Segundo Prédio da Fênix Caixeiral. Rua 24 de Maio.


O posto de gasolina sumiu. As lojas e os cafés estão desaparecendo. O terminal de ônibus que funcionou recebendo os coletivos da Praça do Ferreira, lá ficou até abril de 1988. Até o Instituto – IAPB, fora entregue ao Município, e que afluência de pacientes, com as redundantes reclamações.
Reformas e reformas, mas vai ficando a igreja, e a estátua do patrono da Praça. O monumento fora idealizado pelo jornalista Gilberto Câmara, esculpido pelo paulista Humberto Cozzo, e financiado pelo cônsul Francesco da Itália. Pelo menos essa equipe foi feliz, colocando a estátua do grande escritor José de Alencar sentado, pois a memória do homenageado ainda teve de ficar de 1 de maio de 1929 até 1938, para a praça tomar seu nome.
Um logradouro sem rosto e de tanto futricarem tem-se mesmo que assistir sentado, para não desmaiar! E agora veio o Metrô que tirou o Beco da Poeira, e ainda está privativo à Onisciência de Deus o que ainda vem. Que falta de sossego.
Será que nossa geração não vai alcançar uma praça calma, bonita e dela se usufruir?
Fortaleza Bela, revitalização do Centro, na minha despretensiosa análise são retóricas, afinal, está aí a história para nos dizer...