domingo, 30 de outubro de 2016

JOSÉ DE ALENCAR UMA PRAÇA QUE NÃO TEM SOSSEGO



              
Excelente Terminal de Ônibus.



Antes de ser praça, no local que seria um dos logradouros mais movimentados da cidade era apenas um areal, e a urbanização teve sua gênese a partir do lançamento da pedra fundamental de uma igreja, que ocorrera aos 2 de fevereiro de 1850, cujo nome fora Nossa Senhora  do Patrocínio graças a um voto devocional do alferes Luis de França Carvalho. A igreja começou as celebrações em 1855.
Um ano após o funcionamento da igreja, surge em Fortaleza uma planta desenhada pelo padre Manoel Rego Medeiros e, já nos mostra o campo com a igreja, mas sem nenhuma edificação de destaque. Com a movimentação, foi o espaço ganhando vida e conseguintemente fora se urbanizando. Nessas condições é que, fora levada à Intendência uma proposta do vereador Coelho da Fonseca (hoje nome de Rua no Bairro Carlito Pamplona), e a Praça do Patrocínio como era chamada, em 1870 denominou-se “Praça Marquês do Herval”, como uma homenagem a Manuel Luis Osório, patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro.


Intendente Guilherme Rocha

Em 1903 era intendente de Fortaleza Guilherme Rocha que, reformou a Praça e colocou um coreto aformoseando-a com o Jardim Nogueira Acioly, mas que em 1912 foi mudado para Jardim Franco Rabelo. Depois, o coreto foi retirado e montado na Ponte metálica e lá se acabou. Começava assim as turbulências da Praça em epígrafe.
Existem vários documentários sobre praças de nossa cidade. Praça do Ferreira, Passeio Público. Imagens de época em filmes nos mostram as praças dos Leões, da Bandeira como, popularmente são conhecidas. Sobre a Praça  José de Alencar, nada.
A atual Praça que estamos observando, é situada entre as ruas: Guilherme Rocha (antiga Rua da Municipalidade); Liberato Barroso (que já foi Rua das Trincheiras); General Sampaio (Da Cadeia) e a 24 de Maio (Rua da Lagoinha), tudo isso documentado pela planta do padre Medeiros.
Observemos: no canto Nordeste era a sede da Fênix Caixeiral (1905), que saiu para o canto Noroeste (1915), tomando o terreno onde estavam as ruínas da casa de Nogueira Acioly, incendiada em 1912. (Diz-se que entre os pertences do comendador estavam os projetos, plantas e as fotos da construção e inauguração do Theatro José de Alencar. Não sei se procede tal informação, mas em lugar nenhum encontramos tais registros). Quem disse que o segundo prédio da Fênix Caixeiral ainda está lá?

Chegada dos Carros de Aluguel para o Posto Mazine. 1943.

O quartel da Polícia que era nesse logradouro e que na época se denominava Batalhão de segurança (depois Guarda Cívica de Fortaleza, com apenas 3 oficiais e 120 policiais), permaneceu no local de 1893 até 1908. Dois anos depois em 1910 ao lado da corporação já desativada, foi inaugurado o Theatro José de Alencar que puxaria a Praça para esse nome. A Escola Normal D. Pedro II, que após desativação acolhera as Faculdades de Ciências de Saúde, hoje é a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
A Biblioteca Pública funcionou na casa que outrora foi do Coronel Francisco Manuel Alves mas, que foi derrubada no canto Sudoeste e em 1952, o industrial Pedro Philomeno construiu um residencial e o Lord Hotel , que mesmo se deteriorando, parece que vai sobreviver. No canto Sudeste tinha um Posto de Saúde que havia sido construído no local do Batalhão de policia e hoje é o jardim do Theatro J. de Alencar. Quanta tribulação!
Em 1954, numa apoteótica festa em 9 de outubro era entregue ao público o novo prédio da Rádio Iracema de Fortaleza, batizado de Edifício Guarany, que lá permaneceu até 1973, quando a emissora se mudou e o “Monstrengo” desapareceu. No mesmo quarteirão fora montado o Shopping do Camelô, que por ocupar os camuflados cabarés do Centro, herdou a nomenclatura de uma ruela cheia de lâmpadas vermelhas chamado de Beco da Poeira.


Prédio do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários - IAPB
Em Construção. 1961.

Primeira Fachada da Fênix em 1906.Esquina da Rua General Sampaio.
Veja o Local em que o Prédio da Fênix Funcionou na Foto Acima.


Segundo Prédio da Fênix Caixeiral. Rua 24 de Maio.


O posto de gasolina sumiu. As lojas e os cafés estão desaparecendo. O terminal de ônibus que funcionou recebendo os coletivos da Praça do Ferreira, lá ficou até abril de 1988. Até o Instituto – IAPB, fora entregue ao Município, e que afluência de pacientes, com as redundantes reclamações.
Reformas e reformas, mas vai ficando a igreja, e a estátua do patrono da Praça. O monumento fora idealizado pelo jornalista Gilberto Câmara, esculpido pelo paulista Humberto Cozzo, e financiado pelo cônsul Francesco da Itália. Pelo menos essa equipe foi feliz, colocando a estátua do grande escritor José de Alencar sentado, pois a memória do homenageado ainda teve de ficar de 1 de maio de 1929 até 1938, para a praça tomar seu nome.
Um logradouro sem rosto e de tanto futricarem tem-se mesmo que assistir sentado, para não desmaiar! E agora veio o Metrô que tirou o Beco da Poeira, e ainda está privativo à Onisciência de Deus o que ainda vem. Que falta de sossego.
Será que nossa geração não vai alcançar uma praça calma, bonita e dela se usufruir?
Fortaleza Bela, revitalização do Centro, na minha despretensiosa análise são retóricas, afinal, está aí a história para nos dizer...



  

Nenhum comentário:

Postar um comentário