A ENERGIA ELÉTRICA DE FORTALEZA
Tudo o que é
relacionado ao desenvolvimento, obedece a etapas e/ou estágios. Ao retornarmos
ao passado, não implica em se sofrer atrasos, mas estamos resgatando
merecimentos, afinal, o moderno hoje é o antigo amanhã. O moderno carro de
injeção eletrônica não chegou antes daqueles, cuja partida era à manivela com
carburação falha; o compacto celular em que localizamos as pessoas apenas no
tempo, não podia chegar primeiro do que os aparelhos de telefonia à magneto,
com sua extensão entre emissor e receptor não superior a 1000 metros; as
aeronaves, os super-sônicos dar uma volta ao mundo em questão de horas, porém,
Alberto Santos Dumont penou bastante
para fazer subir o 14 BIS em 1906 na França.....
Será que a
iluminação e energia elétrica fora algo diferenciado? Fortaleza quando no dizer
do poeta Otacílio Azevedo “Ainda Descalça”,
foi saindo da escuridão a custa do sacrifício de fauna marinha, hoje na lista
de extinção. As baleias desapareceram da Costa Norte brasileira, pois, a
iluminação pública da Fortaleza Provinciana, tinha como combustível, o azeite
de peixe, cujos estudos datam de 25 de janeiro de 1834, mas que só foram
concretizados em março de 1848, quando já era Presidente da Província Cearense,
o Dr. Casimiro José de Moraes Sarmento, o construtor do primeiro cemitério da
cidade.
A exploração
do serviço de iluminação de Fortaleza teve inicio, segundo o historiador João
Nogueira, com a assinatura de um contrato com o Português Sr. Vitoriano Augusto
Borges que tinha como atribuição, instalar lampiões em numero de 44. Essa luminária tinham quatro faces, sendo
mais estreitas em baixo do que em cima, com fundo e tampa de metal. Eram
suspensos com armações de ferro como se fosse uma forca, afixados nas esquinas
e na posição que pudessem iluminar ruas e travessas. Eram limpos
constantemente, e para acendê-los deveriam descer por isso eles pendiam de uma
corda, que passava em duas roldanas. Tinha uma caixinha cheia de azeite de
peixe com torcida de algodão. Era parecido com pequenos tachos de que trabalham
os ourives para soldas à maçarico.
Foi assim que
surgiu o primeiro personagem popular de Fortaleza: “Chico Lampião”. Fortaleza bonitinha ficou sendo iluminada com
azeite de Peixe até 1866 quando caducado o contrato com o Sr. Vitorino.
A tecnologia
quando quer avançar não respeita era. Teria que surgir melhorias, e assim veio
o Gás Carbônico sob a responsabilidade da “The
Ceará Gaz Company Limited”.
Com o gás
carbônico, as ruas de nossa cidade tiveram melhor qualidade na iluminação. Colocadas
em ziguezague as luminárias obedeciam a uma distancia de apenas 30 metros uma
da outra, e com uma altura de 2,40 metros. Ficava uma chama brilhante em forma
de leque queimando o bem preparado gás, salientando que, o gasômetro ficava na Rua
Senador Jaguaribe, ao lado da Santa Casa de Misericórdia olhando para a Praça
do Passeio Público. Daí o antigo nome dessa rua ser “Rua do Gasômetro”. A logística sempre transpassa o que quer
ficar parado. O gasômetro já não atendia a demanda.
Entra em cena
na extensão de seus serviços, a firma inglesa “The Ceará Tramway Light
& Power Co. Ltd”, que explorava o transporte de bondes elétricos desde 1913,
ganhando privilégio agora para o serviço de iluminação. A localização dos
geradores da Light era na Rua Adolfo
Caminha (Baixos do Passeio Público) e as suas caldeiras eram alimentadas com
lenhas vindas do Horto Florestal de Canafístula (Antônio Diogo - distrito de
Aracoiaba) trazidas em vagões gôndolas pertencentes a Companhia Cearense da Via
Férrea de Baturité. Em 25 de outubro de
1935, portanto, foi retirado o último lampião à gás encerrando assim, o segundo
período da iluminação de Fortaleza, a era do Gás Carbônico.
Experimentalmente,
em 1933 foram colocadas quatro lâmpadas elétricas de 100 Watts na Rua Formosa
(Barão do Rio Branco), entre as ruas Guilherme Rocha e Senador Alencar. Assim
em 1934, fora rescindido o contrato da “Ceará Gás” e o Governo do Estado do
Ceará sob a interventoria de Filipe Moreira Lima, nesse mesmo ano
oficialmente, inaugurou-se na praça do Ferreira a energia elétrica. Aquele 8 de
dezembro foi apoteótico.
Aos 19 de maio
de 1947 circulou o último bonde elétrico em Fortaleza e, apesar da sobra de
demanda, a energia da Light ainda
era muito precária. A “The Ceará Tramway” por força do decreto Federal nº
25.232 de 15 de julho de 1948, é transferida para a Prefeitura Municipal de
Fortaleza, sendo o Prefeito Acrisio Moreira da Rocha.
Fachada do Serviluz
Turbinas do Serviluz
Vista Aérea e Panorâmica do Serviluz
Escritório do Serviluz no Centro de Fortaleza
Defronte ao Passeio Público.
Aos 20 de maio
de 1954, saiu o decreto nº 803 criando o “Serviço
de Luz e Força do Município de Fortaleza - SERVILUZ” quando ainda era prefeito,
o radialista e advogado Paulo Cabral de Araújo. As novas instalações foram
inauguradas em 8 de novembro do mesmo 54, ocupando o local onde funcionava o
Escritório da extinta empresa de Bondes no Passeio Público, pela rua João
Moreira. A Usina Termoelétrica fora instalada em maio de 1955 na Ponta do
Mucuripe, inicio da Praia Mansa. Com modernos geradores Westinghouse, o
Serviluz fora criado para resolver o problema da precária energia elétrica de
Fortaleza.
As razões
técnicas para a usina ficar distante do centro da cidade, segundo analistas da
época, deveram-se a estratégica zona portuária com o surgimento de
empreendimentos, tais como os já existentes: Shell Mex, Esso Standart do Brasil
e moinhos de trigo. Além do mais, o equipamento roncava e aquecia demais e a
ventilação praiana, favorecia a regulagem térmica.
O Serviluz é
administrativamente transferido em 1 de maio de 1960 para a Companhia
Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (Estado da Bahia), a qual por sua vez, em
1 de abril de 1962 instala a Companhia
Nordeste de Eletrificação de Fortaleza – CONEFOR que substituiu o Serviluz.
Dois anos após, a rede elétrica proveniente da Usina Hidroelétrica de Paulo
Afonso chegou a Fortaleza, com uma subestação em Mondubim.
Aí com as presenças do Presidente da
República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, do Governador do Ceará
Virgílio Távora, do Prefeito de Fortaleza Murilo Borges e várias autoridades,
em 1 de fevereiro de 1965 precisamente às 18.30 h, na Praça Libertadores,
bairro Otávio Bonfim, era acessa a primeira lâmpada de iluminação pública com
energia elétrica da CHESF.
Em 5 de julho
de 1971, o Governo César Cal's cria a
Companhia de Eletricidade do Ceará – COELCE e encampa a Conefor, que após
três anos em assembléia geral a extingue.
Como não era
de se esperar, a história se repetiu. O comando do serviço de energia elétrica
do Ceará saiu das mãos do Governo Estadual. A Coelce foi vendida, e aos 13 de
maio de 1998 passou a pertencer a “Distriluz Energia Elétrica S.A.”,
“Companhias Enersis S.A.”, “Chilectra S.A.”, “Endesa de España S.A.” e a
“Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ”.
Então quem não
quiser mandar mais dinheiro para fora, consuma produtos da Terra e economize
energia. Seja racional.
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