domingo, 30 de outubro de 2016

FORTALEZA E SEU TAPETE DO ASSENTAMENTO


Desenhos de Nossa Fortaleza Colonial


Planta de Manoel Francês. 1726.



Fortaleza, loura do Sol e branca dos luares é um verdadeiro arquivo topográfico que, por mais que se pesquise, sempre fica algo para ser descoberto, o que não esgota a mão de obra de até futuros pesquisadores. Ninguém na íntegra conhece a história de nossa linda, porém, inquieta Fortaleza. Toda cidade fica em seu padrão, mas a Capital alencarina nunca falta o que fazer? Que é que isso, a Praça José de Alencar, era um arborizado terminal de ônibus, e na gestão Maria Luíza, derrubaram todo quarteirão da Família Mamede, e com ele foi embora o Edifício Guarani (Rádio Iracema), permanecendo o Beco da Poeira, depois Shopping do Camelô e, já se vão trinta e cinco anos e a Praça não tem sossego! Isso é só um exemplo que tem pessoas que nasceram em 1986, e até hoje não usufruíram da praça, nem como transeunte.
Voltemos à nossa temática. Quem está em Fortaleza ver tudo plano, mas quando nos dirigimos para a Orla Marítima, aí nos deparamos com os declives, muitos acentuados como o da Santa Casa de Misericórdia, primeiro hospital de Fortaleza.
A resposta está nos escritos do inglês Henry Koster, que por aqui passou e do alto mar só viu muitos morros, e uma Vila bastante desenvolvida com cerca de 2.000 habitantes. O arruamento e ordenação urbanista tiveram inicio no quartel Militar, daí surgindo a Rua do Quartel que hoje tem o nome de General Bizerril. Esse processo começou com Luís Barba Alardo de Menezes, mas a concretização foi com Manuel Ignácio de Sampaio, auxiliado por Antonio José da Silva Paulet por volta de 1815.
Os mais antigos conservam a nomenclatura de Morros, e a ratificação é Morro de Santa Terezinha (Mucuripe); Morro Meireles (Palácio da Abolição); Marajaituba (Passeio Público); Croatá (Estação Ferroviária); Moinho (Padre Mororó); Japão (Noroeste do Pirambú).
Adentrando na cidade ao sul, ainda restam Alto da Balança na saída pela hoje BR 116 vizinho ao Bairro Aerolândia e, entre as Avenidas Bezerra de Menezes e Sargento Hermínio, topograficamente nota-se a diferença de Nível por detrás do North Shopping: é o nostálgico Monte picú, nome pouco conhecido, e eu muito andava lá, pois, tinha o meu Tio José Porfírio que, lá se estabeleceu nos anos da década de 1950. Hoje é o Bairro Presidente Kennedy.  
Quando estamos no Palácio da Abolição, e queremos ir para a praia é como se estivéssemos em queda livre. Quem está na Estação Ferroviária e/ou Igreja dos Navegantes defronte ao Hall da Escola de Aprendizes Marinheiros, contemplamos os verdes mares com 15 metros de altitude.
Nesse tapete/solo existem cortes hídricos que outrora navegáveis, hoje são capilares inexpressíveis, “Graças” a especulação imobiliária e o desordenamento promíscuo, as chamadas Áreas de Risco. Três são os que desaguam no mar: Maceió no Mucuripe; Pajeú no Centro e o Jacarecanga do mesmo nome do Bairro. Podemos citar outros rios como o Cocó, Riacho Parreão e o Aguanambí. A expressão Aguanambí Agua+Nambí vem do hibrido Português e Tupy que quer dizer “Só tem um braço”. Traduzindo um rio que só tem um curso.
Na gestão Vicente Fialho, que mesmo sendo filho de Tauá, aqui em Fortaleza por pertencer ao partido dominante, Arena, foi nomeado pelo Governador Cesar Cal’s como Prefeito da Capital. Pense leitor amigo, numa Fortaleza sem saída Sul, e foi nessa visão de mobilidade urbana que, em 1973 essa importante Avenida Chamada Aguanambí foi inaugurada, concomitantemente com o Terminal Rodoviário Eng.º João Thomé. Para quem queria ir para Messejana, numa via sem pavimentação asfáltica nos obsoletos ônibus da extinta Viação Cruzeiro, agora ver o quanto esses homens (Cesar e Fialho) tinham visão de futuro. Lamentamos a especulação ter que desviar e afunilar curso de importantes rios, mas com um pouco de educação, não é possível que Fortaleza um dia não tenha sossego!
É impossível Fortaleza voltar a ser descalça, mas por que não transformá-la numa metrópole modelo? Quase que conseguíamos no ano 2000, mas no meu entender, impensadas obras do Metrô desassossegaram moradores e transeuntes motorizados, afora transtornos no comércio.
Muito fácil: a Avenida Tristão Gonçalves poderia ter recebido pilares, o que tornava a viagem do novo trem panorâmica, as obras eram barateadas, teria ficado mais lindo. São boas as coisas modernas e estéticas, mas devemos construir para usufruir e não para posteriori. Custo hoje, Benefício só Deus Sabe?
Na Avenida Aguanambí o encontro de gerações: o Rio e a Mobilidade Urbana.

Quanto ao tapete/solo, gerações vêm e passam e por cima dele. É vencedor da idade. É imutável. Desde Vicente Pizzon (Janeiro de 1500) ao Roberto Cláudio tem que ficar como a natureza criou. 

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